O Natal, a grande festa cristã que celebra a encarnação do Filho de Deus, é também uma grande festa vocacional. Porque no Natal celebra-se a manifestação do amor de Deus pela humanidade, onde o amor é a essência da vocação. Por meio da encarnação de seu Filho, Deus constrói uma aliança com a humanidade, vocacionando a todos e a todas para a santidade.
Por meio dessa festa tão importante celebrada todos os anos, Deus convida a inúmeras coisas e pede um sim do tamanho do presente que foi dado naquele Natal histórico, em Belém. O Cristo que nasce humilde, convida a cada um de seus seguidores a assumirem a vocação da humildade, deixando de lado a soberba e a indiferença. O Cristo, que nasce pobre, desperta a todos aqueles que o amam a assumirem a opção preferencial pelos pobres. O Cristo, que teve fome e sede, recorda a cada um sobre a vocação à caridade para com os mais necessitados. O Cristo frágil provoca os cristãos para o cuidado incessante aos doentes, aos vulneráveis, aos marginalizados.
Que grande mistério é o Natal! Um momento em que a humanidade faz memória de que Deus, sem deixar de ser Deus, assume as suas características e vem ao seu encontro. A Festa do Natal, acima de tudo, relembra a cada cristão sua vocação essencial de ser humano. Pois ser humano não é algo inerente à natureza de cada um, é algo que se aprende com o exemplo, com o amor e com o testemunho. Uma prova de que homens e mulheres precisam aprender a serem humanos, são os inúmeros relatos apresentados pela História em que a humanidade deixou de ser humana e agiu por extinto, exterminando, dizimando, matando, gerando sofrimento. No Natal, o Deus que se faz homem, convida particularmente cada um a assumir sua vocação e buscar ser realmente homens e mulheres de boa vontade, a exemplo do Cristo, que acolhia aos que eram desprezados, que amava aos mais odiados, que confortava os abandonados da sociedade.
No tempo do Natal as pessoas se tornam mais solidárias, mais amigas, mais preocupadas com o outro, isso porque relembrar tão sublime cena do nascimento de um Deus simples e pobre, comove, mesmo que inconscientemente, seus corações. Esse é um tempo perfeito para refletir sobre a vocação cristã de ser humano, que recorda o valor de cada pessoa e sua dignidade, conforme ensina a Doutrina Social da Igreja: “Cada ser humano é único porque Deus quis que ele fosse uma pessoa irrepetível, criada por amor e redimida ainda com mais amor. Isto mostra-nos que dignidade o homem tem e como é importante toma-lo muito seriamente como pessoa e trata-lo como o maior respeito. Esta exigência vale também para os sistemas políticos e para as instituições. Elas não devem só respeitar a liberdade e a dignidade da pessoa. Elas devem contribuir para um desenvolvimento abrangente de cada pessoa. Uma comunidade não pode excluir do desenvolvimento indivíduos ou grupos inteiros”. (DoCat – 54)
Ao celebrar o Natal, busque renovar suas vocações e, dentre elas, a vocação mais primordial, a de ser humano. Pois só é humano aquele que revela em seu jeito de ser os traços divinos do Deus que se faz menino.